Divisão inédita no Brasileirão 2025: Como Globo e Record vão compartilhar as transmissões
O ano de 2025 trará mudanças significativas para o Campeonato Brasileiro, principalmente no que diz respeito às transmissões de TV. Pela primeira vez em décadas, duas redes de TV aberta, Globo e Record, irão compartilhar a exibição dos jogos do Brasileirão, cada uma com direitos específicos sobre um grupo de clubes.
Isso reflete uma ruptura com o modelo anterior, onde a Globo detinha a exclusividade e sublicenciava jogos. Agora, com um acordo inovador, cada emissora exibirá jogos de blocos diferentes, mudando o cenário da transmissão esportiva no país.
Novo modelo de transmissão do Brasileirão e os clubes envolvidos
O contrato da Globo abrange os jogos em que os clubes do grupo Liga do Futebol Brasileiro (Libra) são mandantes, enquanto a Record exibirá jogos da Liga Forte União (LFU), grupo rival. Dessa forma, um jogo entre Flamengo e Corinthians, por exemplo, seria transmitido pela Globo quando o Flamengo é o anfitrião, e pela Record, caso o Corinthians receba a partida.
Os horários também serão distintos: Globo seguirá com as tradicionais transmissões aos domingos às 16h, enquanto a Record iniciará suas exibições às 18h. Esse desdobramento proporciona aos torcedores uma maior diversidade de horários e canais para assistir aos jogos.
Expansão para outras plataformas: Streaming e Pay-Per-View
Além da transmissão aberta, o Brasileirão 2025 se expandirá para plataformas pagas, com o Sportv e o Premiere exibindo, por ora, apenas os jogos do grupo Libra. A Amazon Prime Video, sem um anúncio oficial, é cogitada para transmitir uma partida por rodada, agregando mais uma opção de acesso.
Essa segmentação de pacotes e plataformas é uma prática que já ocorre em grandes ligas internacionais, como a NFL e NBA, onde acordos complexos distribuem os direitos de exibição entre várias empresas, impulsionando o alcance e receita.
No Brasil, embora o mercado de pacotes já exista há algum tempo, o diferencial é que, antes, a Globo era responsável por distribuir os jogos em suas plataformas, conforme a própria estratégia comercial. Esse controle permitia uma maximização dos lucros, com os jogos exibidos na TV aberta, TV por assinatura e no Premiere, otimizando o engajamento dos torcedores e a rentabilidade de cada pacote.
Impacto financeiro e oportunidades para marcas
O novo modelo de transmissão também representa uma grande mudança para as marcas e anunciantes. Com mais plataformas envolvidas, cresce a diversidade de cotas de patrocínio, atraindo um número maior de anunciantes.
Enquanto anteriormente a Globo limitava-se a seis ou sete patrocinadores, agora Record, Globo e até mesmo plataformas como Cazé TV ampliam esse leque para 19 marcas já confirmadas, aumentando a exposição e as oportunidades de publicidade no futebol. O Brasileirão agora abre um espaço mais democrático, permitindo que mais empresas vinculem sua imagem ao torneio.
Divisão de blocos e a adaptação ao cenário de rivalidade entre clubes
A divisão dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro se deu, em grande parte, pela ausência de uma unificação entre os clubes em torno de uma única liga. O que era para ser uma estratégia de empacotamento de conteúdo, como no modelo seguido pela Conmebol para a Copa Libertadores e Copa Sul-Americana, acabou se tornando uma divisão de blocos para viabilizar a comercialização dos direitos.
Nesse cenário, cada grupo de clubes firmou suas próprias parcerias de transmissão, criando um ambiente de competição indireta entre Globo e Record e obrigando os clubes a “fazerem o que é possível” com o cenário atual.
Em 2022, o Campeonato Paulista já havia adotado uma abordagem semelhante, com pacotes divididos e múltiplas plataformas envolvidas. Para o Brasileirão, a estratégia agora é menos sobre maximizar a receita e mais sobre viabilizar a exposição e sustentabilidade financeira para os clubes envolvidos, diante da falta de coesão.
O mercado, conforme reportado recentemente, aceitou essa divisão do Brasileirão, mas com ressalvas. A divisão traz consigo desafios e incertezas, tanto para as emissoras quanto para os torcedores, que deverão se adaptar a diferentes canais e horários de transmissão.
Por fim, a decisão de dividir os direitos entre várias emissoras e plataformas é vista como uma solução temporária, mas que poderá definir um novo padrão para o futuro das transmissões esportivas no Brasil, caso se prove sustentável e eficiente.
Este novo capítulo nas transmissões do Brasileirão representa um experimento que pode redesenhar as relações entre futebol, mídia e marcas no Brasil, abrindo caminhos para um cenário mais diversificado e acessível para os torcedores. A temporada de 2025 será crucial para avaliar o impacto desse modelo e as possíveis adaptações para o futuro das competições nacionais.
Sobre o Autor
0 Comentários